Basta de Injustiças contra os Aposentados

O resgate da dignidade dos aposentados brasileiros sempre foi uma de minhas principais prioridades nestes mais de 20 anos de vida pública.

Durante a votação da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados, em 1996, ocupei a trincheira daqueles que defenderam os direitos adquiridos de nossos aposentados e pensionistas.

Concentrei todos os esforços não apenas para manter tais direitos, mas também para melhorar a vida de quem dedicou a melhor parte de sua existência ao trabalho e, consequentemente, ao engrandecimento da Nação.

Esta minha posição não deve ser vista como simpática ao paternalismo estatal. Pelo contrário, defendo o fim imediato de todo e qualquer privilégio existente no sistema previdenciário, inclusive aquele que propicia aos parlamentares aposentadoria especial. Claro que a Previdência Social brasileira precisa mudar radicalmente sua estrutura e a maneira pela qual vem sendo gerenciada ao longo das últimas décadas. Só que esta mudança não pode ser realizada à custa do sacrifício dos já minguados direitos adquiridos pelos trabalhadores ativos e inativos.

A culpa da falência do sistema é da fraude, da corrupção, do desperdício, da sonegação, da impunidade e dos privilégios, como a acumulação de aposentadorias, e não dos parcos benefícios previdenciários que o Brasil oferece.

Ninguém contesta as boas intenções do atual ministro da Previdência Social, Reinhold Stephanes. Sobre os seus ombros pesa a missão quase impossível de dar sobrevida a um modelo previdenciário moribundo.

O Congresso Nacional, do qual faço parte, tem a obrigação histórica de oferecer ao atual ministro da Previdência e a aqueles que o sucederem no cargo os mecanismos necessários ao saneamento do sistema.

Este compromisso não implica, porém, em concordar com a proposta do Governo Federal no sentido de sanear as finanças do setor dilapidando direitos adquiridos dos trabalhadores ativos e inativos.

Drogas: A Chaga do Século

Não há nada mais incoerente do que defender a descriminalização, isto é, a legalização das drogas no Brasil. Afinal, a atual escalada da violência, sem precedentes na história do País, é conseqüência direta do tráfico e do consumo cada vez maior de entorpecentes ilícitos, principalmente nas cidades de médio e grande porte.

Um exemplo inquestionável deste fato está na Cadeia Pública de Vila Branca, em Ribeirão Preto. Projetado para abrigar no máximo 180 presos, o local está com mais de 600 detentos e mais de 80% deles estão lá por crimes ligados ao tráfico de drogas. Não é de se estranhar que os motins e os assassinatos entre a população carcerária de Ribeirão Preto viraram notícias rotineiras na Imprensa.

Na verdade, a legalização das drogas como saída para este grave problema só encontra adeptos porque a omissão e a incompetência do Poder Público no combate ao tráfico levam a população a imaginar que não há ação capaz de extirpar esta chaga que dizima milhares de vidas no Brasil a cada ano que passa.

As soluções existem. Basta apenas nossos governantes – nas três esferas de Poder : federal, estadual e municipal – mostrarem vontade política para adotar as medidas que a gravidade do problema impõe.

Não temos, lamentavelmente, programas voltados à repressão e muito menos à prevenção contra o tráfico e o consumo de entorpecentes ilícitos.

Nossas Polícias – federal, civil e militar – são mal remuneradas, usam armas obsoletas, dispõem de equipamentos ultrapassados e se locomovem em viaturas sem as mínimas condições de uso. Enfrentam em total desigualdade este tipo de crime organizado, que graças ao poder econômico que possui, tem nas mãos armas, equipamentos e veículos novos e ultramodernos.

As precárias condições de trabalho da Polícia Federal em Ribeirão Preto e região mostram bem esta situação. O escritório da corporação em nossa cidade conta com aproximadamente 30 funcionários, incluindo delegados, e cerca de 50% deles desenvolvem serviços burocráticos. Como é possível, com este contingente de homens, sem salários dignos e mínimas condições de trabalho, enfrentar o tráfico de drogas numa área que tem mais de um milhão de habitantes?

A repressão policial a este crime só consegue algumas vitórias devido à abnegação e à coragem dos policiais. Se recebesse o apoio ideal do Poder Público, certamente a ação policial contra os traficantes seria vitoriosa.

Da mesma forma que a repressão, a prevenção às drogas também carece de uma atenção oficial adequada. Os programas existentes neste sentido são parcos, tímidos e ineficientes.

A omissão e o descaso do Poder Público em relação a este problema gravíssimo podem ser constatados neste último domingo, dia 11, quando cerca de 30 prefeitos de vários países da América Latina se reuniram para fazer uma declaração de repúdio à legalização das drogas.

Apesar da importância do tema que gerou o encontro, só seis prefeitos das cidades brasileiras compareceram. Nem mesmo o Conselho Federal de Entorpecentes, órgão responsável pelas políticas contra o consumo e o tráfico de drogas no Brasil, enviou um representante para prestigiar o evento. Um absurdo.

Tenho denunciado sistematicamente a dramaticidade desta situação. A corrupção de menores, a prostituição infantil, as balas perdidas que matam pessoas indefesas nas grandes cidades, as chacinas e grande parte dos assaltos e homicídios tornaram-se, nos dias atuais, subprodutos da ação dos traficantes.

Como deputado federal, faço o que posso para ajudar na guerra contra as drogas. Apresentei, por exemplo, um projeto de lei classificando como crime hediondo a corrupção e a prostituição infantil. Também defendo prisão perpétua para os traficantes. Creio, porém, que o combate contra as drogas só será vitorioso quando as autoridades competentes mostrarem vontade política para adotar medidas que reprimam com energia e previnam com eficiência o tráfico e o uso de entorpecentes ilícitos.

Pequenas empresas sofrem discriminações

A cada mês que passa, o desemprego cresce no Brasil. Segundo as autoridades governamentais, trata-se do ônus gerado pelos ajustes impostos pela globalização da economia.

Os economistas do Governo gostam de argumentar que o desemprego é reflexo da automação e informatização das indústrias. Lembram, por exemplo, que as fábricas estão funcionando com um número menor de trabalhadores, mas que este fato não está impedindo a produção industrial do País de continuar crescendo.

Verdade? Apenas meia verdade, pois os preocupantes índices de desemprego são alimentados por fatores alheios aos ajustes à economia globalizada.

A situação desesperadora vivenciada hoje pelas pequenas e médias empresas é, provavelmente, a principal causa das demissões que vêm ocorrendo.

A insolvência que assola o setor não é motivada pela concorrência dos produtos internacionais e sim pela insensibilidade de nossos míopes governantes, incapazes de enxergar a importância das pequenas e médias empresas para o desenvolvimento econômico e social do Brasil.

Primeiro, as pequenas e médias empresas ficaram endividadas devido a uma carga tributária onerosa e injusta, aos juros abusivos e às restrições ao consumo. Depois não conseguiram renegociar suas dívidas em condições civilizadas.

Resultado: estão fechando suas portas e demitindo milhões de trabalhadores. O que é alarmante e dramático, já que 55% dos aproximadamente 33 milhões de trabalhadores com carteira de trabalho assinada ganham o sustento de suas famílias neste setor.

É inaceitável que o Governo fique omisso diante deste quadro. Nem mesmo as poderosas multinacionais suportariam os juros praticados atualmente no País. Mas elas não têm com que se preocupar, pois dispõem de mecanismos que lhes permitem buscar recursos no mercado externo, onde o custo do dinheiro é barato.

No Japão, por exemplo, onde está a segunda economia mais pujante do Planeta, os juros praticados nos últimos anos são os mais baixos da História da humanidade. Algo parecido com 1,3% ao ano.

Bastou a economia japonesa patinar nas rampas da estagnação para o Governo de lá implantar um plano desenvolvimentista alicerçado basicamente na mistura da redução dos juros com impostos menores. Atualmente a taxa primária de juros de curtíssimo prazo não passa de 0,5% ao ano naquele País. No Brasil, o socorro é oferecido aos banqueiros. Só com o Econômico, o Nacional e outras instituições falidas, o Banco Central, através do Proer, já desembolsou cerca de R$ 13 bilhões, quase o dobro do que foi gasto com a Saúde Pública durante todo o ano passado.

O governo brasileiro justifica este socorro aos banqueiros argumentando que nenhuma economia do Mundo pode prosperar sem um sistema financeiro organizado e saudável. Isto não deixa de ser verídico. Mas também não é verdade que as pequenas e médias empresas são indispensáveis para qualquer Nação? Entre nós, as pequenas e médias empresas desempenham um papel muito mais importante do que na maioria das demais Nações.

Só pelo fato de ser o maior gerador de empregos num País que aumenta sua população economicamente ativa em quase dois mi1hões de pessoas por ano, este setor já mereceria o mesmo tratamento diferenciado oferecido aos bancos.

Os pequenos e médios empresários não pleiteiam nenhum privilegio. Querem, apenas, o fim das discriminações que os estão levando à falência.

Segurança Pública: Código Penal deve ser mais rigoroso

No Congresso Nacional, tenho dedicado grande parte de meus esforços para tornar o Código Penal brasileiro eficiente e moderno. Do jeito que está não pode ficar. Trata o crime, a violência e a corrupção com uma brandura franciscana. Semeia como ninguém a impunidade.

O diabo é que as autoridades e a própria sociedade só se dão conta da necessidade de dotar o País de leis mais severas para combater toda e qualquer espécie de crime quando a impunidade se torna pública.

A violência nos campos de futebol, por exemplo, já vem de muito tempo e muitas pessoas inocentes morreram ou foram mutiladas, vítimas da ação criminosa dos vândalos que ocupam boa parte das arquibancadas de nossos estádios. Mas só agora, depois da TV transmitir ao vivo as cenas de violência animalesca entre as torcidas do Palmeiras e do São Paulo, no Pacaembu, é que o Brasil parece ter acordado para este grave problema.

De todos os cantos do País surgem propostas para levar paz aos estádios. A imprensa divulga campanhas para conscientizar os torcedores de que o esporte significa vida e não morte.

Claro que todas estas iniciativas são válidas e merecem o apoio de todos. Entretanto, o País -governantes e população- precisa se conscientizar de uma vez por todas de que a violência urbana não é um fenômeno restrito aos campos de futebol.

A vida está valendo muito pouco no Brasil. Mata-se por qualquer banalidade. Na periferia das grandes cidades, dívidas de crack, cuja dose não custa 10 reais, servem de gatilho para assassinos. Nos semáforos, morre-se por um relógio. O mesmo acontece nas imediações das escolas, onde estudantes perdem a vida por seus tênis.

Ninguém de bom-senso ignora a nefasta influência da miséria sobre os índices da violência no Brasil. Porém, a crise social está longe de explicar, por si só, a escalada de violência sem precedentes na história brasileira.

Claro que o País não pode continuar dissociando seu modelo de desenvolvimento de uma política social eficaz, embasada em investimentos maciços em Educação, Saúde, Transportes, Cultura e outros setores essenciais ao bem-estar da população mais sofrida. Mas além de quitar sua vergonhosa dívida social, o Brasil também precisa dispor de um sistema penal rigoroso, implacável com a impunidade, e reestruturar, de maneira radical, seu parque penitenciário, que hoje, graças à superlotação, enfrenta uma média de duas rebeliões por dia.

O tripé formado pela crise social, legislação penal complacente com a impunidade e sistema penitenciário falido, tornou o problema da violência insustentável. As estatísticas sobre assaltos a mão armada no Brasil são apavorantes. Só no Estado de São Paulo, ocorreram 1821 assaltos a residências no ano passado, sem contar os registrados nos estabelecimentos comerciais. Não se consideram nestas estatísticas, divulgadas pela própria Polícia Militar paulista, os furtos, que são crimes sem violência. Só em residências chegaram a 12.000 em 1994. Um horror.

Os números sobre homicídios praticados com arma de fogo também são estarrecedores: quase 30.000 assassinatos por ano, uma média assustadora de 80 por dia.

O brasileiro não suporta mais conviver com o medo de ser a próxima vítima da violência. Quer viver num País onde os assaltos e os assassinatos fiquem restritos à ficção das telas de cinema.

De minha parte, tenho lutado com todas as minhas forças para tornar realidade este anseio nacional. Já propus diversas leis para por fim à impunidade, como, por exemplo, aquela que transforma em crime hediondo a corrupção e sedução de menores.

A reforma constitucional que estamos promovendo no Congresso é uma oportunidade única para tornar o Código penal mais rigoroso contra qualquer tipo de crime e violência. A história e principalmente as gerações futuras não perdoarão aqueles que desperdiçarem esta oportunidade. Afinal, lugar de bandido, – seja ele corrupto, assaltante, traficante, estelionatário ou vândalo – é na cadeia. Pelo menos é isso que acontece nas nações civilizadas.

Mesmo injustiçada, a agricultura é o setor que mais ajuda o Real

Nenhuma âncora, nem mesmo a cambial, tem sido tão eficaz quanto a agrícola para manter o Real em águas brandas, sem as turbulências de mais de três décadas de inflação draconiana. Diante de uma crise econômica mundial, é a agricultura que vai segurar os preços dos produtos mais essenciais.

Os preços da alimentação básica, que no passado tanto adubava a carestia, deram marcha-ré desde que o atual plano de estabilização econômica foi implantado, há pouco mais três anos. Nos últimos 12 meses, por exemplo, ficaram 50% aquém do índice que mede o custo de vida: para uma inflação de 4,5% os preços dos alimentos tiveram uma alta de apenas 2,3 % Ficaram, portanto, mais baratos.

O que surpreende é que, a despeito da enorme contribuição dos alimentos para o controle de preços, o Governo não vem dispensando à âncora agrícola a mesma atenção, o mesmo zelo, com que gerencia o comportamento do câmbio. Esquece-se, entre outras coisas, que a sobrevalorização da nova moeda encarece nossos produtos destinados a exportação, inclusive os agrícolas, fato que desequilibra nossas contas com o comércio internacional.

Enquanto isso, a agricultura brasileira vem tentando sobreviver bravamente numa conjuntura que lhe é adversa. Os financiamentos a que tem acesso ainda são parcos e muito caros.

Para piorar, enfrenta a concorrência estrangeira, que subsidia a maioria de seus produtos e os coloca no nosso mercado interno sem qualquer contrapartida, ao contrário do que fazem vários países, como, por exemplo, a Argentina, que acaba de sobretaxar as compras do açúcar brasileiro. Produtos como leite, trigo, algodão e borracha, subsidiados na origem, estão entrando no Brasil em quantidades crescentes e o nosso Poder Público não tem coragem para inibir esta concorrência desleal.

Resultado: o Brasil está se tornando um grande importador agrícola, contrariando sua vocação natural de produtor nesta área. Os números divulgados pelo próprio Governo revelam está distorção. As importações agrícolas cresceram 318% nos últimos 10 anos, passando de US$ 1, 7 bilhão, em 1987, para US$7,1 bilhões, em 1996.

Estas importações estão asfixiando alguns setores da agricultura nacional. Antes de 1990, por exemplo, o Brasil era exportador de algodão. Agora, este produto é importado e só no ano passado as compras externas deste item consumiram divisas superiores a US$500 milhões.

Uma amostra dos danos provocados por esta nova tendência é revelada pelo Departamento de Estudos da Economia Rural-Deser, segundo o qual a cultura do algodão empregava no Paraná, 235 mil pessoas naquele Estado no ano passado. Hoje este setor da economia paranaense não emprega nem 50 mil trabalhadores.

Se algo não for feito imediatamente para devolver a motivação e a competitividade nos agricultores brasileiros, o Real perderá, em breve, um dos seus principais sustentáculos, que é âncora rural, e o povo não mais poderá usufruir de uma das principais conquistas do atual plano de estabilização econômica: alimentação mais barata.

Até quando nossas crianças continuarão sendo assassinadas?

Ser criança no Brasil é perigoso. Muito perigoso. Pelo menos para aquela criança nascida no seio da família carente, totalmente desassistida pela cidadania.

Aqui elas são exploradas no trabalho, corrompidas, prostituídas, espancadas e, o que é pior, assassinadas impunemente. Milhões delas vagam pelas ruas das grandes cidades, dormindo em bancos das praças públicas e debaixo de viadutos, cheirando cola de sapateiro e servindo de correio para o tráfico de drogas pesadas. Outro tanto é vitima da exploração do trabalho infantil que campeia solto principalmente nos canaviais do Norte e do Nordeste e nas minas de carvão do Sul brasileiro. Há, ainda, uma outra legião de crianças que pode ser encontrada nos bordéis e prostíbulos espalhados por todo o País. Nos cemitérios de cidades como São Paulo e Rio de Janeiro existem milhares delas, cujas vidas foram ceifadas em chacinas.

Nenhum crime me revolta tanto quanto estes praticados contra o menor no Brasil. Só um monstro pode espancar, corromper, prostituir, explorar e assassinar crianças. A revolta aumenta coma impunidade e com a complacência do nosso Código Penal diante destes crimes, deixando nas ruas, livres, a maioria destes monstros.

O Poder Público, nas suas três formas – Executivo Legislativo e Judiciário-, e a sociedade organizada precisam dar um basta nesta situação calamitosa. Desde o primeiro ano deste meu mandato como deputado federal venho lutando para chamar a atenção das autoridades e da opinião publica para a gravidade deste problema. Apresentei, por exemplo, um projeto de lei que transforma a exploração de menores e a prostituição infantil em crime hediondo. Apesar da minha luta para agilizar a votação deste projeto, a proposta ainda tramita no Congresso Nacional.

Enquanto isso, a violência contra a criança cresce a cada dia. Já chegou, inclusive, a nossa região, algo inimaginável há alguns anos. Em apenas duas semanas, dois assassinatos bárbaros ocorreram em Municipais vizinhos. O primeiro foi em Barrinha, onde uma menina de nove anos de idade foi raptada, violentada e morta. O segundo foi neste final de semana, com um menino de oito anos de idade sendo estuprado e violentamente assassinado por um dos vizinhos de sua casa, em Santa Rita do Passa Quatro.

O monstro de Santa Rita que matou o menino fugiu. Se for encontrado e preso sua pena será de, no mínimo, 12 anos ou de, no máximo, 25 anos. Se tiver bom comportamento na cadeia, estará de volta as ruas depois de cumprir apenas um quinto da punição estipulada inicialmente pela Justiça. Quer dizer, em poucos anos este monstro estará solto, livre para continuar matando crianças. É isto que precisamos mudar. Esses assassinos devem ficar na cadeia pelo resto de suas vidas. Devem ficar presos e trabalhar de sol a sol em presídios agrícolas. A Constituição não pode continuar proibindo a aplicação da prisão perpétua.

Investimento no setor educacional é Inadiável

A despeito das enormes dificuldades hoje enfrentadas pelo Poder Público — seja ele federal, estadual ou municipal —, não é mais admissível qualquer desculpa para adiar investimentos no setor da educação.

O Brasil de hoje continua sendo o sétimo pior país no número de analfabetos, com mais de 20% dos maiores de 14 anos nessa triste condição, e com 23% da po-pulação adulta que não sabe o significado do dia 7 de setembro.

Pudera, pois no nosso País a prioridade à educação tem sido, lamentavelmente, apenas uma peça de retórica. Os investimentos maciços prometidos durante as campanhas eleitorais raramente ultrapassam as fronteiras da semântica eleiçoeira.

O Poder Público brasileiro manteve, teimosamente, ao longo das últimas décadas, uma postura centralizadora e autoritária no encaminhamento das questões da educação, ignorando os protestos e as preocupações dos professores, da comunidade escolar e da própria sociedade.

Vejam o caso do Estado de São Paulo, por exemplo. A Secretaria da Educação paulista fala em municipalização do ensino, mas as próprias Prefeituras desconhecem o que o Governo pretende. Esperava-se, neste e em outros casos, até mesmo devido à inegável tradição democrática do Governador Mário Covas, que o Estado se dispusesse a dialogar sobre seus planos para o setor de uma maneira mais aberta e transparente com a sociedade.

O Brasil todo conhece as enormes dificuldades pelas quais o Estado de São Paulo passa atualmente. Claro que esta conjuntura inibe maiores investimentos em todas as áreas. Entretanto, a despeito de todas estas dificuldades, é preocupante constatar que o Governo paulista continua não aplicando o percentual de 20,9% do ICMS para a folha de pagamento da Secretaria da Educação, corno manda a Lei Orçamentária de 1995.

Segundo dados fornecidos pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo e até agora não contestado por qualquer autoridade, o Executivo estadual paulista tem destinado apenas 13,8% do ICMS, mesmo levando-se em conta uma reserva para o décimo terceiro salário.

Até Julho, a dívida acumulada do Governo para com o pessoal da educação era de 606 milhões de dólares. Não surpreende, pois, que os professores da rede estadual continuem a receber apenas 2 reais por aula. Um absurdo.

Os 240 mil professores do Estado têm dado seguidas provas de paciência, à espera de soluções definitivas para o problema, que afeta a categoria e toda a sociedade. Cabe agora ao Governo de Mário Covas dar uma resposta concreta para os professores e alunos, colocando em prática os compromissos firmados durante a campanha eleitoral. Do jeito que está não pode ficar.

A Praga dos Juros

Nos anos 40 e 50, quando as lavouras brasileiras foram infestadas pela saúva, uma frase ficou nacionalmente conhecida: “Ou o Brasil acaba com o saúva, ou a saúva acaba com o Brasil”.

Várias décadas depois, a formiga já não ameaça mais o futuro da nação. A praga, que já foi da saúva, agora é outra. Muito mais perigosa, até porque não é letal apenas à agricultura, mas também à indústria, ao comércio, ao Poder Público e aos assalariados. Como a saúva, o nome desta praga também tem cinco letras: juros.

Os juros praticados pelo mercado financeiro nacional apresentam índices pornográficos, a ponto de transformar o Brasil no paraíso da agiotagem. O Real é hoje a moeda mais cara do Planeta.

Quem captar recursos no mercado interno para investir ou fazer capital de giro está programando a própria falência. Até os créditos oficiais, a que só poucos privilegiados têm acesso, cobram juros reais em torno de 40%, numa inflação inferior a dois dígitos.

Resultado: a agricultura, particularmente o segmento dos pequenos e médios produtores, está descapitalizada, as pequenas e médias empresas vivem uma crise sem precedentes, o Poder Público a cada dia fica mais endividado, as exportações -ao contrário das importações- não deslancham e a inadimplência entre os assalariados é a maior da história.

As taxas exorbitantes cobradas em qualquer espécie de financiamento no Brasil são, atualmente, os principais fatores inibidores do aumento da produção e da geração de novos empregos.

O mais paradoxal desta situação é que os parâmetros dos juros internos são definidos pelo próprio Governo. Se no início do Plano Real as altas taxas eram compreensíveis, devido à necessidade do País manter suas reservas cambiais em patamares adequados através do ingresso de capital internacional de curto prazo, hoje este procedimento não encontra justificativas racionais. Ao invés de atrair capital especulativo através das altas taxas de juros, seria melhor o Brasil adequar sua política cambial à realidade, tornando nossos produtos destinados ao mercado externo mais competitivos, medida que poria fim ao enorme déficit de nossa balança comercial. Nunca é demais lembrar que a sobrevalorização do Real poderá levar o País a um déficit comercial de aproximadamente US$10 bilhões em 1997. Quer dizer, além da perda de divisas estamos gerando empregos em outras Nações.

Enfim, do jeito que está não pode continuar. Ou o Brasil reduz os juros, ou os juros acabam com o Brasil.

( ‘Transcrito do jornal “Hoje” de 23/4/1997)

Mais dignidade aos nossos idosos


A tragédia da Clínica Santa Genoveva, no Rio de Janeiro, mostra, uma vez mais, que o Brasil não sabe como tratar seus idosos. Por que será que isto acontece? Excluídas a incompetência e a insensibilidade social do Poder Público, provavelmente uma das razões é o fato de o Brasil ser uma Nação habitada por uma população formada predominantemente por jovens.

Atualmente só 7,8% da população brasileira são constituídas por pessoas com mais de 60 anos de idade. Quer dizer, dos quase 160 milhões de habitantes, só 11,7 milhões estão nesta faixa etária.

Poucos se dão conta de que no ano 2020 a juventude de agora engrossará o elenco da terceira idade.

O certo é que os 11,7 milhões de idosos de hoje se transformarão em 33 milhões de pessoas com mais de 60 anos nas próximas duas décadas. Nos próximos 25 anos, nossa população vai atingir a faixa etária dos habitantes da Europa, onde 15% das pessoas são idosas.

O envelhecimento do povo brasileiro vem crescendo geometricamente. De 1980 a 2020 a população do nosso País vai crescer 5 vezes. A de idosos, 16 vezes. Média muito superior à da China e do Japão, onde o número de habitantes da terceira idade vai se expandir 5 vezes neste período. Como se vê, o envelhecimento populacional do Brasil é o mais rápido do planeta.

Este processo poderia ser visto e analisado como um fato normal, não fosse o tratamento desumano com que os idosos são tratados em nosso País. Recebem aposentadorias miseráveis, morrem nas filas dos hospitais à espera do atendimento médico que nunca vem, são discriminados no mercado de trabalho e até, como se viu na Clínica Santa Genoveva, assassinados impunemente.

O Poder Público e a própria sociedade devem e precisam repensar o tratamento que dispensam aos nossos idosos. A situação atual se configura num dos mais vergonhosos perfis da escandalosa dívida social do Brasil.

Corauci Sobrinho fala com Quércia em São Paulo

CORAUCI SOBRINHO FALA COM QUÉRCIA EM SÃO PAULO - 16/02/1992

Ribeirão Preto, 16 de fevereiro de 1992

“A CIDADE”

CORAUCI SOBRINHO FALA COM QUÉRCIA EM SÃO PAULO

O Deputado ribeirão pretano e atual secretário de Esportes e atletismo do Estado de São Paulo, Corauci Sobrinho, manteve audiência com o ex-governador de São Paulo e Presidente Nacional do PMDB, Orestes Quércia. Foi o reencontro de dois grandes amigos, já que Corauci Sobrinho foi Líder do PFL no governo Quércia, e sua bancada contribuiu decisivamente pela sustentação política do Governo na Assembléia Legislativa ao lado do PMDB e do PTB. Na oportunidade os dois homens públicos conversaram sobre a realidade Nacional, e discutiram questões relacionadas com as próximas eleições Municipais, inclusive quanto ao quadro político de Ribeirão Preto e região.