Ribeirão Preto ganhou destaque no início deste ano. Infelizmente, a atenção vem por motivos que ninguém gostaria de constatar em nossa cidade: o caos na saúde pública. 

Duas mortes por dengue foram registradas. Crianças, de 8 e 10 anos, foram vítimas da doença. Nos dois casos, as famílias procuraram unidades de saúde de Ribeirão Preto e as crianças foram liberadas para voltar para a casa. Quando retornaram, já era tarde demais. 

Com tantos registros da doença, Ribeirão assumiu a liderança de um ranking negativo: é a cidade com maior número de casos confirmados do Estado de São Paulo. Dados divulgados na semana passada mostram que já são mais de 1.500 confirmações. A estatística vai subindo de forma rápida. 

Todo esse caos se junta a total inoperância da Secretaria de Saúde. Unidades estão fechadas há anos, como a UBS do Quintino, na zona Norte. A obra já andava a passos de tartaruga até que, em setembro do ano passado, foi totalmente paralisada depois que a construtora responsável teve todos os bens bloqueados pela Justiça por ser alvo de investigações. Hoje, não existe previsão de retomada da obra.

A UPA do Sumarezinho, que a Prefeitura disse que estava pronta, agora passará por uma adequação que vai consumir mais de R$ 2,2 milhões antes mesmo de começar a atender a população. A nova promessa é que os atendimentos começam no segundo semestre. Isso sem contar a ausência dos AMEs prometidos, que nem começaram a ser construídos.

Diante de tantos casos negativos, seria normal um questionamento sobre o comando da Secretaria de Saúde. Será que a pasta está sendo bem administrada? Porém, os casos parecem ser dignos de prêmios por parte desta administração. 

Sandro Scarpelini, secretário de Saúde desde o primeiro dia do governo Nogueira, ganhou ainda mais espaço e comanda agora outra área essencial para Ribeirão Preto: ele foi nomeado presidente do Supera Parque, o nosso Parque Tecnológico. 

A pergunta que fica é como a Saúde de Ribeirão, que já é destaque negativo, vai melhorar sem a dedicação exclusiva de seu comandante. Como é possível mudar esse cenário se a pessoa escolhida pelo prefeito Duarte Nogueira desde o primeiro dia de governo agora terá compromissos importantes em uma área essencial para o desenvolvimento de novas tecnologias para diversos setores, inclusive para a saúde?

A palavra dedicação para ser algo que a Prefeitura de Ribeirão Preto não vem exigindo. Tratar à população é algo que precisa estar acima de tudo e de todos. Não pode ser algo para horas vagas. Não pode deixar horas vazias na agenda para outros compromissos. Cuidar de vidas, requer exclusividade. É necessário um secretário 100% atuante. Se esse número não for garantido, os únicos números que vão se destacar são os dados negativos de doenças e unidades com   problemas.