Corauci pede junto ao governador de SP a adoção de medidas urgentes para assegurar a continuidade de atendimento aos pacientes do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto.
JUSTIFICATIVA
Como é amplamente conhecido, o serviço público de saúde está organizado em diferentes níveis hierárquicos de assistência.
A base do sistema é a Atenção Primária, representada pelas Unidades de Saúde dos municípios, que recebe 100 por cento da demanda, sendo que de 10 a 15 por cento deles terão necessidade de complementar seu tratamento no nível seguinte, a Atenção Secundária, que é oferecida pela rede municipal, seja na forma de ambulatórios próprios ou seja na forma de compra de serviços por meio de contratos ou convênios com instituições prestadoras.
Aproximadamente 5 por cento da demanda inicial serão encaminhadas à Atenção Terciária, que oferece procedimentos de alta tecnologia e caracterizada pela atuação de especialistas com elevado nível de qualificação.
Na região de Ribeirão Preto a Atenção Terciária é prestada, principalmente mas não exclusivamente, pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina, já reconhecido nacionalmente e onde a região espera ver atendidas adequadamente as necessidades de seus pacientes.
Lamentavelmente, as recentes práticas burocráticas do H.C.R.P. vêm prevalecendo sobre os critérios assistenciais coerentes com as boas práticas médicas, que chegam ao extremo de não oferecer suporte a qualquer momento para os pacientes já em tratamento em suas diversas clínicas. Assim, pacientes já atingidos por graves doenças, tais como câncer, AIDS, doenças neurológicas, etc., quando apresentam piora de seu quadro clínico antes do retorno programado ao H.C., ao ser atendido em uma unidade de saúde do município, por vezes espera longas horas até que o leito seja disponibilizado pelo H.C.
Ora, se o paciente tem enfermidade grave, cabe ao H.C. priorizar seu atendimento, ainda mais porque ele já iniciou seu tratamento e o estado de saúde se agravou, antes do retorno.
Anexo, texto elaborado pelo Senhor Secretário da Saúde de Ribeirão Preto, Dr. Stênio José Correia Miranda – “O HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO – USP E AS POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA EM RIBEIRÃO PRETO E REGIÃO”, que fica fazendo parte integrante da presente Indicação.
Cabe destacar a observação feita pelo Senhor Secretário da Saúde de Ribeirão Preto, Dr. Stênio José Correia Miranda, nesse mencionado texto, que indignado com a situação burocrática diz:
“Um outro aspecto relacionado à prevalência da burocracia sobre as boas práticas médicas é o que se refere à desconsideração a um dos princípios basilares da medicina, que é a abordagem integral do paciente. Se um paciente atendido no serviço de neurologia do hospital apresentar uma queixa relacionada a outro órgão ou sistema, é orientado a procurar uma unidade de saúde da rede pública para avaliação de seu caso. Para o hospital, se um portador de doença neurológica evoluir com diabetes, a equipe médica que responde por seus cuidados não deve disso se ocupar. Uma inaceitável, absurda, irracional inversão da correta prática médica, que preconiza abordar o paciente em sua integralidade, e não apenas como um de seus órgãos ou sistemas. Os absurdos são inúmeros: recentemente um paciente atendido pelo ambulatório de cirurgia vascular sofreu uma queda dentro do hospital no dia de sua consulta e teve uma fratura. Foi removido para uma unidade da rede municipal de saúde, para ser regulado para o serviço de ortopedia de outro hospital. No segundo semestre de 2010 nosso serviço de atendimento móvel de urgência (SAMU) foi acionado pelo hospital para atender uma pessoa que estava na porta da instituição, em estado aparentemente grave (realmente era grave seu estado: sofreu parada cardíaca e foi a óbito).”
A ilustre Prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera, mostra-se muito preocupada com o atual sistema de atendimento, que requer intervenção imediata por parte da Secretaria Estadual da Saúde.
O absurdo dessa situação não deve perdurar, motivo que me leva a formular esta Indicação e a solicitar a adoção de medidas urgentes por parte do Chefe do Executivo Estadual.
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