Um quilo de arroz. Um quilo de feijão. Um frasco de óleo. Um pacote de macarrão de 500 gramas e um sachê de molho para jogar em cima. E um quilo de leite em pó. Quantos dias isso duraria na sua casa? Você conseguiria fazer isso durar pelo menos uma semana?
Na cabeça da Prefeitura de Ribeirão Preto, toda essa “vasta” lista de alimentos é suficiente para durar um mês. É isso mesmo: uma refeição diária por um mês inteiro.
Esses alimentos começaram a ser entregues essa semana, com um atraso monstruoso, para os alunos matriculados na rede municipal de Ensino. São 47 mil alunos que começam a receber esse kit que, na minha opinião, só pode ser batizado de Kit da Vergonha!
Antes, gostaria de pontuar algumas situações. Em primeiro lugar: toda a criança tem que receber alimentação escolar. Tem que receber merenda. Todos os dias letivos. Além disso, a Prefeitura de Ribeirão Preto recebe verbas para bancar esse projeto.
O desastre da situação ficou nítido logo de cara. Primeiro, as aulas foram suspensas no dia 24 de março e a prefeitura só anunciou o primeiro projeto para entregar cestas básicas no dia 13 de abril. A partir daí, as trabalhadas e desrespeito da prefeitura ficaram ainda mais evidentes.
A primeira entrega de cestas básicas só foi direcionada para alunos que estavam inseridos no Bolsa Família. Aí veio o questionamento: se o direito a alimentação é para todos, por que só uma parcela iria receber? A Secretaria de Educação afirmou que só seriam beneficiados 5,7 mil alunos. E os outros mais de 40 mil?
Esse questionamento foi feito pelo Ministério Público e também pela Câmara de Ribeirão. É claro que, com a pressão, a prefeitura saiu da inércia de costume. Porém, a emenda sai pior que o soneto, mais uma vez.
O secretário de Educação, Felipe Miguel, vai à imprensa no dia 7 de maio e anuncia que “nos próximos dias” kits alimentação seriam entregues para todos os alunos. Não importava mais o cadastro no Bolsa Família. Porém, foi feito muito barulho por nada.
Os kits que apresentei logo no início deste texto só começaram a ser entregues de fato agora, um mês após ao pomposo anúncio do homem de confiança de Duarte Nogueira. Se demorou 30 dias para entregar, arroz, feijão, macarrão e um quilo de leite em pó. Uma verdadeira vergonha! Isso sem falar que neste meio tempo, a entrega de cestas básicas também foi suspensa por falta de alimentos.
A pergunta que fica é para onde está indo o dinheiro que muitas pessoas de Ribeirão Preto estão doando para ajudar quem precisa. Para onde está indo a verba do Programa Nacional de Alimentação Escolar, do governo federal. As aulas presenciais estão suspensas, mas os alunos possuem o direito de continuarem a receber esse benefício de verdade, e não um kit para fingir que algo foi feito para ajudar quem mais precisa.
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