Ainda não houve a obrigação para se fechar as portas. A ordem até veio, mas com uma série de manobras Ribeirão Preto vai tentando escapar de mais uma punição que atingiria em cheio já quem tanto sofreu. A pergunta que fica é por que fomos a única região que teria que regredir de fase no Plano São Paulo?
A Secretaria de Saúde correu para explicar que os 32 leitos de UTI fechados para pacientes de covid-19 não tem nenhuma relação com a decisão do Governo do Estado de São Paulo de colocar Ribeirão Preto e região na fase laranja, quando bares e restaurantes não podem ter atendimento presencial, além do fechamento de salões de beleza e praças de alimentação dos três shoppings centers da cidade e outras galerias. O que pesa, segundo os dados e a Secretaria de Saúde, é o alto índice de mortes que a cidade teve nos dias anteriores a classificação feita pelo governo Doria.
Mas, será que nossa cidade agiu de forma correta para evitar essas mortes? Será que realmente foi feito todos os esforços para salvar vidas e, consequentemente ajudar na recuperação de nossa economia?
Desde o início da pandemia, houve um esforço muito grande das esferas superiores para que recursos chegassem as cidades mais afetadas. Ribeirão Preto, por causa da sua importância, recebeu mais de R$ 113 milhões para ajudar no combate a pandemia. Porém, os gastos sempre foram muito questionados, pela ausência da compra de medicamentos, por exemplo. Será que tudo isso não fez falta para evitar o número de mortes?
Muitos devem questionar, afirmando que os gastos não foram realizados porque ainda não existe nenhum protocolo aprovado, consolidado, para o tratamento da doença. Não venho aqui defender que isso seja feito de forma desesperada, mas é preciso seguir as orientações médicas. Se o médico receita um medicamento para um paciente, por que esse remédio não está à disposição de forma gratuita?
Esse equívoco foi constatado e denunciado mais de uma vez. Pacientes saiam da UPA da Treze de Maio, pelo menos do papel agora chamada de leito Covid, com receita de diversos medicamentos. Esses produtos simplesmente não estavam à disposição na Farmácia da Prefeitura, mesmo com dinheiro em caixa que poderia ter esse destino. Será que essa medida não poderia ter salvo vidas em Ribeirão Preto? Mais de 600 foram perdidas nesta triste pandemia e tantas outras ainda estão em risco pela gravidade da doença ou pelas sequelas econômicas que ela deixa. Muitas famílias estão quebradas, dependendo de auxílios emergenciais e saques de FGTS.
Fato é que toda essa situação mais uma vez coloca a rotina de comerciantes e empresários em dúvida. Ações de maior zelo com a saúde seriam muito bem-vinda nesse momento, em que todos esperamos não sentir o gosto amargo da fase laranja. Porém, como ocorre nos pomares, a gente colhe o que planta.
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