Uma discussão veio à tona com mais força nos últimos dias. Será que já é momento de voltar às aulas presenciais? Será que depois da decisão do Governo do Estado de São Paulo de mandar abrir tudo, nossas crianças já não podem retornar para as salas de aula?

Esse tema dominou os noticiários depois que a Prefeitura ainda liberou que as escolas particulares podem já receber alunos, de forma limitada, no dia 21 de setembro. A rede pública também entrará nesta fase no dia 18 de outubro. A Prefeitura diz que haverá limitação, regras rígidas e muita higiene para evitar uma explosão do número de casos do covid-19. 

Será que está no momento de nossas crianças voltarem a estudar? Ou nós devemos fazer um bom estudo antes dessa decisão?

A palavra-chave neste momento sem dúvida é serenidade. É preciso muita cautela antes de qualquer decisão. Uma discussão ampla deveria ocorrer, com autoridades de saúde e de Educação. Ninguém coloca em discussão o prejuízo causado pela suspensão das aulas presenciais. Milhões de crianças pelo Brasil foram afetadas e podem ter o estudo comprometido. Da mesma forma, não se pode dizer que a decisão foi errada. Ela foi essencial para preservar vidas. 

Até o momento, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) sinalizam que este não é o momento da volta às aulas e que, se isso acontecer, os resultados negativos do covid-19 podem ser ampliados. De outro lado, os representes das escolas, principalmente da rede particular, se dizem prontos para receber os alunos com a segurança sanitária necessária. Além disso, é notório que as aulas online não atendem de forma satisfatória a todos. Ficaram evidentes as barreiras que a desigualdade econômica ainda impõe sobre quem não tem acesso ao melhor da tecnologia. Crianças da periferia não tiveram acesso as aulas online por todo o País. Em Ribeirão Preto, situação que tentou ser amenizada com as aulas passando na TV Câmara, que tem sinal aberto. Mas, é claro, que a medida reduzi u pouco os danos da ausência do contato direto com o professor e integração com outros alunos.

Fato é que o consenso não existe, mas, pior que isso, é que até as discussões para se chegar no melhor caminho ainda não ocorreram de forma efetiva. Em Ribeirão Preto, a sociedade civil e as autoridades não se reuniram de fato para debater o tema. Ocorreram discussões isoladas, protestos e sugestões. Nada que realmente possa nortear um retorno consciente de nossas crianças para as salas de aula. 
Que o tema divide opiniões, é fato. Pesquisa Ibope mostrou que 54% dos brasileiros só queriam o retorno às aulas após a vacina estar disponível. Claro que esse seria o cenário ideal. Mas, o que realmente chama a atenção neste momento, não são as opiniões divididas, mas sim a falta de se ouvir outras opiniões. Está faltando, literalmente, é a gente estudar.